Esta semana meu irmão me ligou interessado em abrir uma loja de produtos odontológicos. Queria saber se era viável ou não. A primeira coisa que respondi foi: para este tipo de negócio, e no varejo como um todo, é preciso comprar bem.
Considerando o tipo de produto que ele quer comercializar, é fundamental  identificar de quem comprar (os fornecedores) e os concorrentes existentes. É importante ainda fazer um plano de negócio, por meio do qual se pode fazer o planejamento do negócio e, principalmente, checar sua viabilidade. Até mesmo na área de franquias, onde existe uma marca consolidada, há riscos e nem sempre um negócio pode dar certo.
Tudo começa no mercado! É preciso responder às seguintes perguntas: para quem e onde se quer vender? O que o mercado exige daquele tipo de negócio? Qual será seu diferencial em relação a seus concorrentes?
Neste texto, abordarei de forma mais aprofundada a questão da concorrência, que é reconhecida pelos empresários mas pouco conhecida.
Brigando pelo bolso do consumidor
Costumo dizer a meus clientes que, para um produto ocupar uma prateleira, é preciso retirar outro. Espaços limitados. Bolsos limitados. A grande luta é pelo bolso do consumidor, e por isso o olhar concorrencial deve ser ampliado.
Quando o Mcdonalds decide abrir uma nova loja, no estudo de localização é mapeado, em um raio de determinados quilômetros no entorno da futura loja, toda as possibilidades que o consumidor tem para saciar sua fome ou vontade de comer. Identificam até mesmo carrinhos de cachorro-quente…
A concorrência não é apenas aquela que comercializa um produto similar. A luta não é apenas entre os salões de beleza da Avenida São Francisco (onde eu moro), é pelo dinheiro que eu disponho, pois posso escolher mudar a cor de meu cabelo ou comprar o vestido novo que vi na vitrine da G Gomes ou adquirir a nova linha de produtos para o rosto do Boticário. Os “marketeiros” chamam isso de share of pocket ou, simplesmente, a luta pelo bolso do consumidor.
Outro exemplo do nosso dia a dia está relacionado à compra de presentes para aniversários. Minha filha tem sete anos e sua classe conta com 35 alunos, o que significa que pelo menos uma vez por mês tenho um aniversário para frequentar. Minha decisão será entre comprar um livro ou um vestido ou uma boneca Polly. A concorrência pelo recurso que reservei para comprar o presente não é entre os fabricantes de brinquedos ou entre as lojas de brinquedos ou de roupas e livros, mas entre todos estes, pois só depois de escolher que tipo de produto comprarei, decido onde (loja) e qual (fabricante). E, se por acaso, decidir em casa que comprarei um livro, posso ir ao shopping e comprar em uma de suas lojas ou comprar em uma loja na internet.
A mente do consumidor é realmente complexa a ponto de os profissionais de marketing criarem outro termo bastante estudado: o share-of-mind, que nada mais é do que o nome da primeira empresa que vem à mente do consumidor naquele setor de negócio. Neste caso, o objetivo é fazer com que uma marca e/ou produto ocupe um lugar na mente do consumidor. Isso significa que quando estou no shopping para comprar o presente da coleguinha de minha filha, além de considerar os recursos financeiros que tenho, quando decido por comprar um brinquedo, por exemplo, algumas marcas e redes de lojas específicas já podem estar gravadas em minha mente. A concorrência acontece também na mente do consumidor.
Mapear e analisar seus concorrentes, atuais e potenciais, é de vital importância para quem quer abrir ou já é empresário. Eis algumas perguntas que podem ajudá-lo neste processo:
– Quem é o seu concorrente (nome, localização, tempo de existência etc)?
– Para seus principais concorrentes, descubra quais suas principais forças e fraquezas, preços e condições de pagamento, mix de produtos, estratégias de promoção.
– O que você oferece ao seu cliente e a concorrência não (qual o seu diferencial competitivo)?
– O que o concorrente oferece e você não (qual o diferencial competitivo dele)?
Você pode complementar estas perguntas com questões que sejam importantes em seu ramo de negócio. Lembre-se ainda de observar os movimentos que ocorrem em seu mercado e ficar de olho nos potenciais concorrentes que podem surgir.